Tatubeleza!

Eu fui numa cartomante essa semana. Eu fui por que Déborah me disse que ela era boa.
Não fui completamente incrédula, como poderia dizer aqui, mas também não fui sem desconfiança alguma. Paguei, e paguei caro. Quem manda ser curiosa?
Cheguei lá prometendo a mim mesma não dar um pio pra que ela não inferisse nada do que eu dissesse. E cumpri o prometido.
A mulher me disse um monte de coisas.Disse que eu era uma pessoa só.Bom, eu não sou uma pessoa só. Ela disse: “ você é sim, e vai ser assim a vida toda...você vive cercada de gente...mas você é só...tô errada?” Eu não disse que sim nem que não, até por que eu não sabia a resposta. Muito genérica essa, com certeza. Depois perguntou: “ O que você estuda?” Eu respondi. Ela disse: “ eu nunca diria isso de você se eu não tivesse colocando as cartas...alguém novinha como você que já está no sétimo período de direito na federal...eu não diria que você não se dedica muito aos estudos..na verdade eu acho que você não precisa estudar muito...mas vai ser sempre assim...você não vai se esforçar muito nunca, mas as coisas vão sempre dar certo pra você...não se preocupe com as pressões da sua mãe não...ela é muito agoniada...a gente só dá o que tem pra dar...ela precisa entender isso...você é novinha, já tá conseguindo demais. Além do que você não faz nada de errado, moça...eu nem vejo aqui do quê que ela pode te reclamar.”. Tá. Genérico de novo, eu concordo. Mas primeiro: Eu não estudo nada mesmo, nunca. Segundo: a minha vida toda eu empurrei os estudos com a barriga. Passei no vestibular sem estudar porra nenhuma. E na universidade (quem me conhece, sabe) não tem sido diferente. Terceiro: Minha mãe me pressiona o tempo todo. O TEMPO TODO. E essa frase “ a gente só dá o quem tem pra dar” é a frase que eu sempre digo a minha mãe pra explicar por que eu não estou sendo uma estudante de direito aplicada. Eu simplesmente não consigo trabalhar sob pressão. Eu realmente só sei fazer o que eu quero. Quarto: eu realmente não faço nada de errado. Eu sou uma abestalhada.
Coincidência ou não, ela disse tudo isso sem que eu abrisse a boca.
Depois falou que não me via advogando. Falou algo sobre promotoria. Eu nem tenho como confirmar ou desconfirmar com minha vontade, por que eu não tenho uma.
Falou que eu era médium. Falou que eu não precisava de nada, de nenhum “banho” ou do que quer que fosse, por que minha vida estava "traçada toda certinha". E que eu não tinha o que ela chamou de “inimigos”. E que eu não esperasse muito das pessoas por que eu não ia receber muita ajuda. Que eu atraía pessoas carentes e desequilibradas por que eu era centrada e que isso se devia a uma "evolução maior".E depois de falar genericamente, ela começou a falar de pessoas. Falou de algumas. Deu traços precisos da personalidade( e esse foi o primeiro momento em que eu REALMENTE acreditei nela). Descreveu fatos que aconteceram. Eliminou possibilidades com veemência.Tudo isso sem que eu dissesse nada. E terminou dizendo que eu tinha uma “ligação cármica” mal resolvida.
Disse pra eu confiar na minha intuição.
Disse que eu vou demorar um pouco pra achar alguém que preste.
Disse que eu ia casar antes dos 30. E que ia ter uma filha. Uma só.
Disse, disse e disse.
Eu fui conversar com umas amigas minhas que já tinham se consultado com ela pra ver se ela tinha repetido alguma coisa...sabe...aqueles clichês de vidente. Não. Ela tinha dito coisas muito diferentes pra todas elas...e muito especificas de mim...que obviamente eu não vou contar aqui. Mas que sinceramente não tinha como ela inferir...Seria necessária uma extensa pesquisa sobre a minha pessoa pra que ela colhesse todas essas informações.
Quem quiser que ria de mim, mas eu não tenho outra escolha a não ser acreditar.